domingo, 26 de dezembro de 2010

As Obrigações de Santo no Candomblé

Um ano após a feitura, o nascimento no santo, o Yawo deve fazer a sua primeira obrigação que tem como significado comemorar esse nascimento e o reforço dos seus votos. Nessa ocasião, são oferecidos: um Bori e um animal de duas patas.

Os votos serão renovados ao completar 3 (três) anos. Serão então oferecidos: um Bori e um animal de quatro patas que seja do fundamento do seu Orixá.

Aos 7 (sete) anos de feitura o Yawo alcança a maior idade no santo tornando-se Egbomin (irmão mais velho) e a partir deste momento está pronto para assumir funções sacerdotais, ou seja tornar-se dono de sua própria casa ou na sua comunidade. Ele já pode assumir o posto de Babalorixá.
Deká ou Obrigação de Sete Anos, é como se intitula este ritual de passagem.

As obrigações dentro do Candomblé não podem ser adiantadas, ou seja, dadas antes do prazo, existe a necessidade de ser respeitado o tempo para que sejam realizadas.

Somente a iniciação não assegura que o Yawo, receba o cargo de Egbomin, ele precisa cumprir todas as etapas descritas anteriormente e mesmo tendo mais de 7 (sete) anos de feito, enquanto não forem realizados os rituais de passagem seguindo a ordem cronológica, ele continuará sendo um Yawo.

O Egbomin recebe durante a cerimónia, elementos de fundamental utilidade para que exerça a função sacerdotal entre eles, os seus búzios e navalha; é justamente o conjunto destes elementos que origina o nome Deká. Além dos elementos, ele passa a ser detentor do fio de grau (Rungebe).

Outras duas obrigações são necessárias a este novo Egbomin, quando forem completados 14 (catorze) e 21 (vinte e um) anos de santo.

sábado, 16 de outubro de 2010

Carta de uma acreana, da Sorbonne - Paris para Marina

Marina companheira, tão cabocla quanto eu,

Você sabe que o Serra não teria apoio parlamentar e nem apoio popular pra governar o Brasil, sua única maioria seria a imprensa e os integristas, fundamentalistas religiosos. Com Serra o Brasil voltará à instabilidade política e perderá seu capital de confiança internacional. A economia mundial funciona em função da estabilidade política. O Brasil hoje é credor de confiança. Sou economista, trabalhei anos na cooperação internacional para entender esse mecanismo.

Daí uma pergunta pra ti, “caboca” Marina e ao eleitor acreano, amazônida e aos ambientalistas:

Você prefere um governo que tem possibilidade de continuar avançando nas reformas estruturais que o Brasil necessita ou o governo do Serra que volta com as mesmas receitas que afundaram o Brasil?

Serra ministro de FHC deixou o Brasil coberto de dividas, sobretudo a DIVIDA SOCIAL. Você prefere votar no Serra para ter nossa ecologia transformada em marketing, onde alguns irão faturar fortunas e a maioria vai conviver com a degradação? Ou preferes Marina a opção de ter a ecologia integrada num processo de desenvolvimento territorial em que todos sairão beneficiados? Marina votando em Dilma temos todas as condições reunidas para podermos construir um projeto de sociedade. (veja meu ultimo artigo no Jornal A Gazeta do Acre)

Acreano povo de lutas, você acha que todas as conquistas sociais devem ser freadas em nome da razão do estado neoliberal? Que Bolsa família não serve pra nada, que o pobre deve aceitar que a pobreza é fatalidade, que ele deve continuar votando naqueles que nunca fizeram nada por ele? Que pobre deve continuar trabalhando calado tal como era na CASA GRANDE E SENZALA?
Eu acredito que o eleitor (a) acreano (a) tenha consciência política, mesmo que não consiga entender por que ele deu tão poucos votos à cabocla querida Marina e Dilma, preferindo o Zé Serra.

Todavia, uma coisa eu sei: o eleitor acreano ama sua terra acreana e o Brasil para saber que escolhendo Dilma, desta vez ele estará votando pela estabilidade política, e sustentabilidade de outro modelo de sociedade baseada num eco-desenvolvimento territorial brasileiro integrado, solidário e durável.

Mesmo sabendo que Marina não está trocando seu voto por um posto no Governo de Dilma, eu penso que sua volta ao Ministério do Meio Ambiente seria uma excelente oportunidade para por em prática sua plataforma, tendo em vista que muitas idéias se encontram no Programa da Dilma. Sabe-se que dessa vez o Congresso reúne condições de votar leis concernentes: há um projeto de reforma política e projeto de vida melhor seja na cidade, seja no campo.

Cabe a cabocla querida Marina decidir. Se voce fica em cima do muro, você dará a impressão de querer a vitoria de Serra. Marina companheira, voce não sairá da historia de lutas pela porta do fundo, ao contrário, reforce sua historia de lutas construindo juntos um projeto de sociedade para o nosso Brasil.

Caboca, mulher guerreira, a Europa não é o Brasil, os verdes daqui que tiveram esta mesma postura, eu sei que eles te aconselham fazer o mesmo, aqui não funcionou, hoje nós estamos tendo que engolir o pior governo que já tivemos na França. Ele não aplicou nada da agenda e carta de compromisso dos Verdes, ele jogou no LIXO!

Ainda é tempo caboca para reagir e confirmar que estás na mesma canoa que a nossa. Nunca fomos ecologistas iluminados, nem marqueteiros ecologistas, somos muitas caboclas, muitos caboclos que lutam por mudanças estruturais e ha muitos anos vem contribuindo por um eco- desenvolvimento territorial solidario e durável!

M.de Melo Foucher
Doutora em Economia-Sorbonne Paris
Cabocla nascida na beira do rio Acre